terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Sonho

Durante alguns anos vivi na Costa do Castelo, num velho prédio de azulejos debruçado sobre Lisboa e o Tejo- o 54- e confinando com as muralhas do Castelo através de um jardim resiliente à intervenção humana. Como trabalhava no Principe Real, no espaço do atelier do Arquitecto Conceição Silva fazia, a pé, todos os dias o trajecto da descida da colina até ao Rossio e da subida do Chiado. Às vezes vezes fazia os meus desvios.
Lembro-me que era o tempo dos jacarandás florirem, fazia calor e numa rua perto da Sé um portão grande, verde, fez-me parar. De dentro um cheiro intenso a especiarias lembrou-me outras paragens, noutros oceanos.

Não isto não é o sonho. O sonho vem a seguir.

Recentemente numa aula de Planeamento Territorial falava-se de Lisboa, das possibilidades de pensar uma Lisboa com, mas também para além, dos movimentos e interesses imobiliários e voltou a memória das especiarias, por trás do portão verde, naquela tarde na Sé.

As cidades têm memória? os sítios têm um espírito?

O meu sonho tem nome: chama-se "As novas feitorias".

A Continuar...

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